Jazz.pt review by Pedro Lopes

Ricardo Gallo’s Terra de Nadie – The Great Fine Line (CF 209)
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“The Great Fine Line” tem um começo literal, navegando na procura imaterial de uma sonoridade. Pouco depois de um minuto e meio as engrenagens encaixam-se e materializa-se a abstracção, com Pheeroan Aklaff, Satoshi Takeishi e Mark Helias a desenrolarem um discurso rítmico hard-bop com acentuações e viragens vanguardistas (“Conspiracy”).
O discurso de Ricardo Gallo é o grande responsável pela desconstrução das manobras jazzísticas que, de outra forma, soariam a clichés, conseguindo muitas vezes cruzar a linha que se opera algures entre o jazz e a música contemporânea (oiça-se o motivo recorrente de “Stomp at No Man’s Land”).
Na linha dianteira, os sopros transformam a paisagem, criando relevos irregulares e desbastando as composições (“Conspiracy”). Nessa frente formada por Dan Blake e Ray Anderson destaca-se o reconhecido trombonista, cujas enérgicas intervenções são de importância extrema no registo (“Three Versions of a Lie” e “South American Idyll”). Ao longo de vários temas o ensemble não mostra quaisquer problemas em deixar a energia fluir, oscilando entre a composição lenta, abstracta e cinematográfica e a pulsante improvisação jazz (“Three Versions of a Lie”).
Em suma, esté é um disco menos inóspito do que à partida pode parecer, consolidando o talento do pianista e compositor colombiano no panorama internacional, num registo estampado com o selo da lisboeta Clean Feed, no catálogo da qual o músico havia surgido antes como membro do Peter Evans Quartet.

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